Sexta-feira, 3 de Setembro de 2010

Informações básicas

Este blog está oficialmente aberto!

 

Vou contar-vos, meus queridos leitores, como foram as minhas férias.

 

Fui exactamente para os mesmos sítios de sempre, mas mesmo assim foram bastante preenchidas.

Passeei poucas vezes, pois tinha muita ansiedade e ataques de pânico, exactamente por isso, fui ao psiquiatra e ele receitou-me Xanax e outros comprimidos para resolver os meus problemas.

Eu estava mesmo mal, muito ansiosa, mesmo sem haver razão; tinha ataques de pânico, dores no peito, obsessões e fobia da morte. Não vou dizer que agora, com 3 semanas de tratamento, já esteja bem, mas já estou melhor. Ainda tenho muita ansiedade e fobia da morte.

Vou ter de ser acompanhada por um psiquiatra durante uns tempos, ainda não tratamos disso...

 

Depois de desabafar sobre os meus problemas psiquiátricos, vou falar-vos das minhas férias, propriamente.

 

Este ano, particularmente, eu e a minha tia L. tornámo-nos muito cúmplices, por ela sofrer de depressão e ansiedade, tal como eu...

Estive com a minha avó, tios, primos, todos... Até alguns primos meus da França vieram jantar lá a casa um óptimo churrasco feito pelo meu pai e pelo meu tio D. Esta noite foi, particularmente, interessante: pelo facto de o meu francês já não ser o que era, pois já não o pratico há anos, como pelo facto de a minha prima M., de 11 anos, igualmente fluente em português e francês, fazer de tradutora. lool Gostei! Mas no dia seguinte iria ter de me despedir da minha primita franco-portuguesa, pois iria para França no dia seguinte.

Nesse dia, o meu tio J., a mulher, a minha prima C. e o marido vieram de Gaia fazer-nos uma visita a Trás-os-Montes.

No dia seguinte, fomos ao restaurante comer borrego. Eu, como não aprecio essa carne, comi alcatra com batatas fritas. Após o almoço, fomos ao "jardim" do café e vi lá um cãozinho que era tal e qual a minha cadela Pantufa, já falecida. Nunca tinha visto cão tão parecido! As cores, as zonas das cores, tudo! A única diferença é ele ser mais alto que a minha cadela, de resto mais nada! Fiquei triste, por ele ter um olho vazo, mas contente por ter visto um cão tão semelhante à minha adorada cadela!

Vi a minha prima J., que este ano anda à procura de emprego como recepcionista de hotel. Mas não consegue, não lhe valendo de nada ter sido a melhor aluna da escola, com média de 19, inclusive nos estágios! Com ela, fomos apanhar amoras silvestres, falámos, ouvimos histórias engraçadíssimas que o pai dela, meu tio-avô, contou.

 

Não sei, fui para os mesmos sítios, as pessoas eram as mesmas, mas gostei das minhas férias, talvez a primeira vez em anos! Será que mudei? Não sei! Toda a gente dizia que sim, mas não sei bem!... Espero bem que sim!

 

E, pronto! Já desabafei imenso com vocês! Espero que tenham gostado das férias!

 

música: Maybe This Time
sinto-me:

Quinta-feira, 3 de Junho de 2010

Excesso de Disciplina - Fernando Pessoa

 

 

 

Das feições de alma que caracterizam o povo português, a mais irritante é, sem dúvida, o seu excesso de disciplina. Somos o povo disciplinado por excelência. Levamos a disciplina social àquele ponto de excesso em que cousa nenhuma, por boa que seja - e eu não creio que a disciplina seja boa - por força há-de ser prejudicial.

Tão regrada, regular e organizada é a vida social portuguesa que mais parece que somos um exército do que uma nação de gente com existências individuais. Nunca o português tem uma acção sua, quebrando com o meio, virando as costas aos vizinhos. Age sempre em grupo, sente sempre em grupo, pensa sempre em grupo. Está sempre à espera dos outros para tudo. E quando, por um milagre de desnacionalização temporária, pratica a traição à Pátria de ter um gesto, um pensamento, ou um sentimento independente, a sua audácia nunca é completa, porque não tira os olhos dos outros, nem a sua atenção da sua crítica.

Parecemo-nos muito com os Alemães. Como eles, agimos sempre em grupo, e cada um do grupo porque os outros agem.

Por isso aqui, como na Alemanha, nunca é possível determinar responsabilidades; elas sãos sempre da sexta pessoa num caso onde só agiram cinco. Como os Alemães, nós esperamos sempre pela voz do comando. Como eles, sofremos da doença Autoridade - acatar criaturas que ninguém sabe porque são acatadas, citar nomes que nenhuma valorização objectiva autentica como citáveis, seguir chefes que nenhum gesto de competência nomeou para as responsabilidades da acção. Como os Alemães, nós compensamos a nossa rígida disciplina fundamental por uma disciplina superficial, de crianças que brincam à vida. Refilamos só de palavras. Dizemos mal só às escondidas. E somos invejosos, grosseiros e bárbaros, de nosso verdadeiro feitio, porque tais são as qualidades de toda a criatura que a disciplina moeu, em que a individualidade se atrofiou.

Diferimos dos Alemães, é certo, em certos pontos evidentes das realizações da vida. Mas a diferença é apenas aparente. Eles elevaram a disciplina social, temperamento neles como em nós, a um sistema de estado e de governo; ao passo que nós, mais rigidamente disciplinados e coerentes, nunca infligimos a nossa rude disciplina social, especializando-a para um estado ou uma administração. Deixamo-la coerentemente entregue ao próprio vulto íntegro da sociedade. Daí a nossa decadência!

Somos incapazes de revolta e de agitação. Quando fizemos uma "revolução" foi para implantar uma cousa igual ao que já estava. Manchámos essa revolução com a brandura com que tratávamos os vencidos. E não resultou uma guerra civil, que nos despertasse; não nos resultou uma anarquia, uma perturbação das consciências. Ficámos miserandamente (sic) os mesmos disciplinados que éramos. Foi um gesto infantil, de superfície e fingimento.

Portugal precisa dum indisciplinador. Todos os indisciplinadores que temos tido, ou que temos querido ter, nos têm falhado. Como não acontecer assim, se é da nossa raça que eles saem? As poucas figuras que de vez em quando têm surgido na nossa vida política com aproveitáveis qualidades de perturbadores fracassados logo traem a sua missão. Qual é a primeira cousa que fazem? Organizam um partido... Caem na disciplina por uma fatalidade ancestral.

Trabalhemos ao menos - nós, os novos - por perturbar as almas, por desorientar os espíritos. Cultivemos, em nós próprios, a desintegração mental como uma flor de preço. Construamos uma anarquia portuguesa. Escrupulizemos no doentio e no dissolvente. E a nossa missão, a par de ser a mais civilizada e a mais moderna, era também a mais moral e a mais patriótica.

 

 

Autoria de Fernando Pessoa

 

Texto publicado in O Jornal, nº 6, de 8-4-1915, na coluna "Crónica da vida que passa".

sinto-me:

Terça-feira, 18 de Maio de 2010

Lara Fabian - La différence

Foi com alegria e, até, algum descrédito que ontem ouvi o Presidente da República a declarar a promulgação do casamento homossexual.

Fiquei mesmo contente com esta conquista, Portugal deu um grande passo para a igualdade de Direitos!

Deixo-vos aqui com uma linda música de Lara Fabian, intitulada de «La Diférence» que fala exactamente da falta de diferença que há entre os casais heterossexuais e os casais homossexuais. Espero que faça reflectir e que mude mentalidades mais conservadoras, pois o amor é lindo de todas as maneiras! Quando se ama alguém, ama-se a pessoa e não o sexo dela!

 

Fiquem então com a linda música da cantora belga. Resolvi colocar a tradução, pois achei que era importante se perceber o que diz na música.

 

 

 

 

A diferença
Aquela que perturba
Uma preferência, um estado da alma
Uma circunstancia

Um corpo-a-corpo
Em desacordo com as pessoas, bem pensando...
Os hábitos comuns...

Suas peles jamais temerão as diferenças
Elas se reconhecem, se tocam
Assim como estes dois homens que dançam

Sem nunca falar
Sem nunca gritar
Eles se amam em silêncio
Sem nunca mentir, nem se voltar contra ninguém
Eles se tornam confidentes
Se vocês soubessem como eles não estão nem aí para suas injúrias
Eles preferem o amor
Sobretudo a verdade
do que nossos murmurios

Eles falam sempre
sobre as outras pessoas
que se amam tanto
que se amam, como chamamos, "normalmente"
Desta criança tão ausente
Deste mal que está no sangue
Que fere e mata... tão livremente

Seus olhos jamais se afastarão por negligencia
Eles apenas se reconhecem, e se familiarizam
Assim como estas duas mulheres, que dançam...

Sem nunca falar
Sem nunca gritar
Elas se amam em silêncio
Sem nunca mentir, nem se voltar contra ninguém
Elas se tornam confidentes
Se vocês soubessem como eles não estão nem aí para suas injúrias
Eles preferem o amor
Sobretudo a verdade
do que nossos murmurios

De Verlaine à Raimbaud
Quando paramos pra pensar...
Nos toleramos esta excepcional diferença!

Sem nunca falar
Sem nunca gritar
Eles se amam em silêncio
Sem nunca mentir, nem se voltar contra ninguém
Eles se tornam confidentes
Se vocês soubessem como eles não estão nem aí para suas injúrias
Eles preferem o amor
Sobretudo a verdade
do que nossos murmurios

A diferença...
Quando paramos pra pensar...
Qual a diferença?

música: La Différence - Lara Fabian
sinto-me: cansada

Quinta-feira, 6 de Maio de 2010

Como fala a malta de Lisboa e a do Porto...

FRASE 1:
Lisboa (L): Não tenho a certeza se vai ser possível fazer isso!
Porto (P): NÃO FAÇO ISSO NEM QUE TU TE FODAS!

FRASE 2:
L: A sério? É incvel! Diria mesmo impressionante!
P: PUTA QUE O PARIU! AI, PUTA QUE O PARIU!

FRASE 3:
L: Claro que isso não me preocupa!
P: TOU A CAGAR E A ANDAR!

FRASE 4:
L: Eu não estava envolvido nesse projecto!
P: MAS QUE CARALHO É QUE EU TENHO A VER COM ESSA MERDA?

FRASE 5:
L: Interessante, hein?
P: FOODAAAA-SE!!! ESPECTÁCULO!!

FRASE 6:
L: Será difícil concretizar esta tarefa no tempo estipulado!
P: NÃO VAI DAR PRA FAZER ISSO NEM QUE ME FODA TODO!

FRASE 7:
L: Precisamos melhorar a comunicação interna desta empresa!
P: PUTA DE MERDA! NÃO HÁ NENHUM CARALHO QUE ME RESPONDA???

FRASE 8:
L: Desejava que eu ficasse até um pouco mais tarde?!
P: E NO CU? NÃO QUERES LEVAR NO CU TAMBÉM???

FRASE 9:
L: Parece-me que o senhor não está familiarizado com o problema!
P: CALA-TE, CARALHO!

FRASE 10:
L: Então, Desculpe!
P: VAI PÁ PUTA QUE TE PARIU!

FRASE 11:
L: Então, Desculpe, senhor!
P: VAI PÁ PUTA QUE TE PARIU, SEU PANELEIRO!

FRASE 12:
L: Acho que não posso ajudar!
P: FODE-TE PRAÍ SOZINHO!

FRASE 13:
L: Adoro estes desafios!
P: PUTA DE TRABALHINHO DE CORNO!

FRASE 14:
L: Finalmente reconheceram a tua competência!
P: FOSTE AO CU A QUEM?

FRASE 15:
L: Atenção que é necessário formação para o pessoal, antes de ligarem a máquina!
P: ATENÇÃO QUE QUEM MEXER NESTA MERDA LEVA NOS CORNOS!

FRASE 16:
L: Eles não ficaram satisfeitos com o resultado do trabalho!
P: ELES SÃO É UM BANDO DE FILHOS DA PUTA!

FRASE 17:
L: Por favor, refaça esse trabalho!
P: ENFIA ISSO NO CU, ESTÁ UMA BELA MERDA!

FRASE 18:
L: Este problema serviu para ver que precisamos reforçar o nosso programa de formação!
P: SE SEI QUEM FOI O FILHO DA PUTA QUE FEZ ISTO!...

FRASE 19:
L: Que pena. Assim teremos outra vez uma não conformidade!
P: CARALHO! VAI SAIR CAGADA OUTRA VEZ!

FRASE 20:
L: Temos que negociar o projecto com mais determinação!
P: VOU ENFIAR ISTO PELA GOELA ABAIXO DESSES FILHOS DA PUTA!

FRASE 21:
L: Desculpe, eu poderia ter avisado, já era previsível!
P: EU JÁ SABIA QUE ISTO IA DAR MERDA!

FRASE 22:
L: Os índices de produtividade da empresa estão a apresentar uma queda sensível!
P: ESTA MERDA TÁ A IR PRÓ CARALHO!

FRASE 23:
L: Parece, então, que este projecto não vai gerar o retorno previsto!
P: AGORA FODEU-SE! PRONTO, TÁ TUDO FODIDO!

sinto-me:

Domingo, 25 de Abril de 2010

Somos Livres - Ermelinda Duarte

 

Para comemorar o 25 de Abril de 1974, partilho convosco uma linda música de Ermelinda Duarte Somos Livres, um grande marco da geração de 70, que fala mesmo da liberdade! Espero que gostem!

 

Ontem apenas
fomos a voz sufocada
dum povo a dizer não quero;
fomos os bobos-do-rei
mastigando desespero.

Ontem apenas
fomos o povo a chorar
na sarjeta dos que, à força,
ultrajaram e venderam
esta terra, hoje nossa.

Uma gaivota voava, voava,
assas de vento,
coração de mar.
Como ela, somos livres,
somos livres de voar.

Uma papoila crescia, crescia,
grito vermelho
num campo cualquer.
Como ela somos livres,
somos livres de crescer.

Uma criança dizia, dizia
"quando for grande
não vou combater".
Como ela, somos livres,
somos livres de dizer.

Somos um povo que cerra fileiras,
parte à conquista
do pão e da paz.
Somos livres, somos livres,
não voltaremos atrás.
sinto-me:
música: Somos Livres - Ermelinda Duarte

Quarta-feira, 2 de Setembro de 2009

“O Peixe Que Não Quis Evoluir” por Henrique Neto

 

Com diferentes abordagens, esta história conduz o leitor a uma conclusão inevitável: a própria vida significa mudança, aprendizagem e evolução. A estagnação só pode ser prejudicial e é a própria natureza (do mundo e dos mercados...) que afasta aqueles que se recusam a evoluir.
Esta história é "normalmente" utilizada por "alguns" Formadores de Formação Profissional de Adultos para ilustrar a necessidade de as pessoas mudarem, sob pena de ficarem para trás, no mundo competitivo que é o mercado de trabalho!
«Havia uma estranha perturbação na zona dos grandes pântanos. Todos os animais aquáticos tinham sido convocados para uma Assembleia pela Tartaruga. Apesar do nível das águas ser abundante, tinha descido nos últimos anos e isso inquietara o velho réptil.
Por isso, mandou chamar a comunidade de animais da vizinhança para transmitir as suas conclusões: - Amigos, imagino que já repararam que cada vez há menos água. Sei que ainda não parece nada sério, mas já assisti a este mesmo processo noutras zonas da terra e aviso-vos que se aproximam tempos de grande seca.
Perante estas palavras, gerou-se um grande rebuliço. Todos se tinham apercebido de um suave e contínuo abaixamento do caudal dos pântanos, mas nada levava a crer que poderia ser grave. - Porque nos terá convocado, se há água de sobra? – perguntaram uns aos outros.
A centenária Tartaruga deu respostas à inquietação despertada: - Convoquei-vos porque felizmente ainda temos tempo e poderemos ultrapassar isto sem problemas, se começarmos a actuar desde já. Para que as nossas espécies sobrevivam temos de Evoluir.
Ficaram todos estupefactos. Nunca se tinham deparado com tal questão e, depois do choque inicial, começaram a interrogar-se sobre como o fariam.
Continuou a Tartaruga: - Todos os dias, ficaremos uns minutos fora de água; aquele que não conseguir fazê-lo começa por uns segundos e, pouco a pouco, vai ficando cada vez mais tempo. Devemos fazê-lo constantemente e ensiná-lo às gerações vindouras, para que cada espécie evolua com o tempo, de modo a tornar possível a todos nós mantermo-nos num ambiente sem pântano. Devemos também mudar os nossos hábitos alimentares, e em cada dia ir comendo algo que não esteja na água, até que acostumemos o nosso corpo a digerir plantas do exterior.
Não sem algumas reticências, todos iniciaram o grande e meticuloso plano de acção. Dentro de uma dezena de gerações todos poderiam respirar fora de água, alimentar-se com comida que crescesse na terra e até poderiam respirar fora de água.
Todos menos o Barbinho, um dos peixes mais antigos dos pântanos, que se negou a participar neste processo. Convencido de que a Tartaruga exagerava, não fez caso, e logo aproveitou o entorpecimento dos seus vizinhos para obter mais comida. As outras espécies, à medida que evoluíam, tornavam-se menos competitivas dentro de água.
O Barbinho via o nível de água descer, mas mantinha a visão de que algumas chuvas chegariam a tempo de resolver o problema. Com o passar do tempo, só uns poucos charcos com apenas um dedo de profundidade faziam lembrar que naquelas paragens existiram uma vez pântanos.
O Barbinho agonizava, e esse verão, o mais duro de que havia memória, acabaria de certeza com a água que ainda restava. Magro, sem poder mexer, chorava a sua má sorte.
Justamente nessa altura, passou ao seu lado a Tartaruga que lhe disse: - Tiveste a mesma oportunidade que os outros. Neste mundo de mudanças constantes, evoluir não é uma opção, é uma obrigação para sobreviver.
O Barbinho, ainda sem compreender, gritava: - Que má sorte tive, tudo correu contra mim e, para cúmulo, este verão foi terrível, que fatalidade. Dizes isso, porque és uma tartaruga e podes andar por onde quiseres, mas não fazes ideia do que é isto.
A Velha Tartaruga sorriu e antes de abandonar o Barbinho comentou: - Meu infeliz amigo, há muito, muito tempo, eu era um peixe estúpido como tu, e também chegou para mim a oportunidade de evoluir. Apesar de ter dedicado atenção a essa oportunidade, não a levei a sério, e é por isso que sou tão desajeitada na terra, temo que nunca chegarei a voar e apenas me movo com desembaraço debaixo de água. Durante anos, atribuí a culpa à má sorte, mas agora aprendi que sou eu a única responsável, pois, quando a realidade me enviava os seus sinais, eu empenhei-me em não fazer caso, em não mudar nada em mim, e quase ficava fora deste novo mundo. Eu ando, por isso decidi que devo ser mais rápida. Assim, hei-de correr um pouco mais cada dia para poder evoluir para algo superior, pois parece que virão tempos de escassez e quero continuar a ser competitiva nessa altura.
O Barbinho morreu na lama, no lamaçal dos imobilistas, dos que não querem mudar, no lado dos medíocres que, embriagados pela abundância de hoje, não sabem ver a necessidade da mudança, da evolução, para continuarem a existir amanhã.»
Semelhantes ao peixe, "existem" em Portugal muitos trabalhadores (chefes e colaboradores) que, apesar de verem as novas exigências e tendências que será necessário enfrentar no futuro imediato, não assumem a evolução como necessidade profissional iminente.
São os que esperam, passivamente, que no final, numa chuva milagrosa acabe por voltar a pôr as coisas como antes, sem entenderem que, no meio competitivo actual, nada é como dantes, pois as empresas estão em contínuo progresso e os que não são capazes de evoluir com elas, por mais fortes ou competentes que sejam hoje, passarão a engrossar a lista dos extintos ao ficarem desfasados do seu próprio mundo.
Infelizmente, este é um "problema" que afecta grande parte do Povo Português...

Texto retirado de«Fábulas, histórias e conselhos para o gestor moderno» de Francisco Muro da Colecção «Vectores de Liderança».

Fonte: Aeiou


Quinta-feira, 11 de Junho de 2009

Reflexão de Luís de Camões - Canto VII

 

Como ontem foi dia de Portugal e aniversário da morte de Luís de Camões, nada como colocar um poema dos "Lusíadas", grande obra épica do nosso poeta português.

Inserido no canto VII, intitulado como "Reflexões do poeta", Luís de Camões que tanto exalta os portugueses, cai num tom de desânimo.

Como todos devem saber, Camões não teve uma vida nada fácil. Perdeu um olho na guerra, sobreviveu a um naufrágio, salvando os Lusíadas nadando com eles na mão, sofreu por amor, viveu na miséria e ainda por cima não teve a glória e o reconhecimento que merecia, aliás, que ele achava bem merecer, pois apesar de tudo, ele era bem consciente do seu valor.

Com isto, Camões critica os contemporâneos que não dão valor aos seus poetas, o que irá inibir o surgimento de novos poetas, caindo Portugal num marasmo pouco cultural, ficando aquém de outros países da Europa.

Mas a crítica aumenta de tom na parte final, quando são enumerados aqueles que nunca cantará e que, implicitamente, denuncia abundarem na sociedade do seu tempo: os ambiciosos, que sobrepõem os seus interesses aos do «bem comum e do seu Rei», os dissimulados, os exploradores do povo, que não defendem «que se pague o suor da servil gente».
No final, retoma à definição do seu herói - o que arrisca a vida «por seu Deus, por seu Rei».
Como podem ver, já naquele tempo havia pessoas mesquinhas e que não dão valor aos seus, coisa que hoje em dia ainda acontece! Aliás, se Camões vivesse nos dias de hoje, tinha poucas pessoas a quem cantar!

Por isso fica aqui desde já, a minha homenagem a este GRANDE SENHOR, LUÍS VAZ DE CAMÕES, príncipe dos poetas do seu tempo. Viveu pobre e miseravelmente e assim morreu. (inscrito na sua lápide no Mosteiro dos Jerónimos).

 

 

Um ramo na mão tinha... Mas, ó cego!
Eu, que cometo insano e temerário,
Sem vós, Ninfas do Tejo e do Mondego,
Por caminho tão árduo, longo e vário!
Vosso favor invoco, que navego
Por alto mar, com vento tão contrário,
Que, se não me ajudais, hei grande medo
Que o meu fraco batel se alague cedo.
 

Olhai que há tanto tempo que, cantando
O vosso Tejo e os vossos Lusitanos,
A fortuna mo traz peregrinando,
Novos trabalhos vendo, e novos danos:
Agora o mar, agora experimentando
Os perigos Mavórcios inumanos,
Qual Canace, que à morte se condena,
Numa mão sempre a espada, e noutra a pena.
 

Agora, com pobreza avorrecida,
Por hospícios alheios degradado;
Agora, da esperança já adquirida,
De novo, mais que nunca, derribado;
Agora às costas escapando a vida,
Que dum fio pendia tão delgado
Que não menos milagre foi salvar-se
Que para o Rei Judaico acrescentar-se.
 

 

E ainda, Ninfas minhas, não bastava
Que tamanhas misérias me cercassem,
Senão que aqueles, que eu cantando andava
Tal prêmio de meus versos me tornassem:
A troco dos descansos que esperava,
Das capelas de louro que me honrassem,
Trabalhos nunca usados me inventaram,
Com que em tão duro estado me deitaram.
 

Vede, Ninfas, que engenhos de senhores
O vosso Tejo cria valorosos,
Que assim sabem prezar com tais favores
A quem os faz, cantando, gloriosos!
Que exemplos a futuros escritores,
Para espertar engenhos curiosos,
Para porem as coisas em memória,
Que merecerem ter eterna glória!
 

 

Pois logo em tantos males é forçado,
Que só vosso favor me não faleça,
Principalmente aqui, que sou chegado
Onde feitos diversos engrandeça:
Dai-mo vós sós, que eu tenho já jurado
Que não o empregue em quem o não mereça,
Nem por lisonja louve algum subido,
Sob pena de não ser agradecido.
 

 

Nem creiais, Ninfas, não, que a fama desse
A quem ao bem comum e do seu Rei
Antepuser seu próprio interesse,
Inimigo da divina e humana Lei.
Nenhum ambicioso, que quisesse
Subir a grandes cargos, cantarei,
Só por poder com torpes exercícios
Usar mais largamente de seus vícios;
 

Nenhum que use de seu poder bastante,
Para servir a seu desejo feio,
E que, por comprazer ao vulgo errante,
Se muda em mais figuras que Proteio.
Nem, Camenas, também cuideis que canto
Quem, com hábito honesto e grave, veio,
Por contentar ao Rei no ofício novo,
A despir e roubar o pobre povo.
 

Nem quem acha que é justo e que é direito
Guardar-se a lei do Rei severamente,
E não acha que é justo e bom respeito,
Que se pague o suor da servil gente;
Nem quem sempre, com pouco experto peito,
Razões aprende, e cuida que é prudente,
Para taxar, com mão rapace e escassa,
Os trabalhos alheios, que não passa.
 

 

Aqueles sós direi, que aventuraram
Por seu Deus, por seu Rei, a amada vida,
Onde, perdendo-a, em fama a dilataram,
Tão bem de suas obras merecida.
Apolo, e as Musas que me acompanharam,
Me dobrarão a fúria concedida,
Enquanto eu tomo alento descansado,
Por tornar ao trabalho, mais folgado.
 

 

Luís de Camões, Lusíadas, canto VII

 

sinto-me:
música: Fintar a Pulsação - Susana Félix

Terça-feira, 9 de Junho de 2009

Shôr Aníbal

Humor em português! Simplesmente hilariante!

Domingo, 26 de Abril de 2009

Grândola, Vila Morena - Zeca Afonso

 

Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti, ó cidade

Dentro de ti, ó cidade
O povo é quem mais ordena
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena

Em cada esquina um amigo
Em cada rosto igualdade
Grândola, vila morena
Terra da fraternidade

 

Terra da fraternidade
Grândola, vila morena
Em cada rosto igualdade
O povo é quem mais ordena

À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade
Jurei ter por companheira
Grândola a tua vontade

Grândola a tua vontade
Jurei ter por companheira
À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade

 

 

Ontem chorei ao ouvir esta música! Viva o 25 de Abril de 1974!

 

sinto-me:
música: Grâncola, Vila Morena - Zeca Afonso

Segunda-feira, 30 de Março de 2009

Mais cenas do caso Freeport

 

Já estou farta do caso Freeport! Segundo agora dizem o nosso primeiro-ministo, José Sócrates, recebeu 500.000 euros para deixar que se construísse o maior outlet da Europa numa zona protegida. Inclusive, a TVI afirma ter na sua posse um DVD que compromete o ex-ministro do Ambiente, actualmente primeiro-ministro de Portugal.

Nesse DVD, Charles Smith admite numa conversa que Sócrates é corrupto. Ora,

num comunicado divulgado sexta-feira à noite, o primeiro-ministro considerou essas afirmações falsas, inventadas e injuriosas. José Sócrates reiterou não conhecer Charles Smith "nem nenhum dos promotores do empreendimento Freeport".

José Sócrates então, processou a TVI por difamação.

Mas afinal o que é que se passa? Uns dizem que José Sócrates recebeu dinheiro de Charles Smith, outros (inclusive o próprio Smith e Sócrates) dizem que não e que nem sequer se conhecem.

Em que é que ficamos?! Estou farta desse jogo do gato e do rato, que mais parece uma caça às bruxas, arranjando sempre outros culpados, digamos que, menos afortunados. Pois, isso do primeiro-ministro ser corrupto a.k.a criminoso não é lá muito bonito e arrisca-se mesmo a ir para a cadeia.

Se a TVI foi processada por difamação, estando (quase de certeza) a dizer a verdade nua e crua, pergunto-me: "Onde está a liberdade de expressão"?

Será que o nosso governo do PS é um regime de extrema direita, mas com um nome de um partido de esquerda?

Até Manuel Alegre (um dos fundadores do PS) criticou o actual governo!

Será que isso acontece porque José Sócrates vivenciou os tempos de Salazar? Eu sempre soube que incutir os valores salazaristas aos jovens nas escolas era uma péssima ideia!

E vocês, o que acham disto tudo?

sinto-me: farta destas tretas

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