Estou deitada na cama.
Olho para o tecto,
E consigo ver um móbil,
Imóvel e recto.
A minha vida é com este móbil.
Parada e com as coisas suspensas no ar.
Ar esse, que fede e me intoxica,
que me intenica.
Em três passes de magia,
PIM!
Vejo tudo a voar pela minha cabeça.
Cai tudo sobre mim.
Sinto frio sim...
Mas não tenho quem me aqueça.
De repente tudo escurece.
Torna-se tudo invisível
e imóvel.
E com um medo puro
Do escuro,
Num gesto de súplica,
Agarro num objecto não visível
e faço mímica.
Mas que palhaçada,
Estou mesmo cansada,
Vou-me mas é deitar,
Para não mais acordar...
Na manhã seguinte,
Tudo voltou à normalidade.
Tudo voltou ao seu devido lugar
Mas eu já não estava presente,
Para mim era tudo diferente,
Porque não perdi a oportunidade
de agarrar
as coisas do ar...
Nunca te tive, nem nunca te terei.
Peço desculpa por aquilo que poderá acontecer-te.
Mas a culpa não foi minha,
Foi de quem nos quer separar,
Apesar de nunca nos termos juntado.
Estou triste, desanimada,
Não quero saber de nada.
Só quero que me perdoes,
Pois a culpa não foi minha,
Foi de quem nos quis separar,
Apesar de nunca nos termos juntado.
Recordo-me de ti,
A olhar-me indiferente
Áquilo que eu sinto por ti.
Vivi de ilusões,
Que só me provocaram desilusões.
Sofro por ti,
E tu não sabes...
Aliás, não queres saber...
Tu odeias-me e eu amo-te.
Não te queria perder...
Mas na verdade eu nunca te tive.
Por favor perdoa-me por aquilo que te pode acontecer,
A culpa não foi minha,
Foi de quem nos quis separar,
Apesar de nunca nos termos juntado.
Desculpa, mas agora quero desaparecer...
O estacionamento estava deserto quando me sentei para ler debaixo dos longos ramos de um velho carvalho.
Desiludido da vida, com boas razões para chorar, pois o mundo estava a tentar afundar-me.
E se não fosse razão suficiente para arruinar o dia, um rapaz ofegante chegou-se, cansado de brincar.
Ele parou na minha frente, cabeça pendente, e disse cheio de alegria:
- Veja o que encontrei!
Na sua mão uma flor, e que visão lamentável, pétalas caídas, pouca água ou luz.
Querendo ver-me livre do rapaz com a sua flor, fingi pálido sorriso e virei-me.
Mas ao invés de recuar, ele sentou-se a meu lado, levou a flor ao nariz e declarou com estranha surpresa:
- O cheio é óptimo, e é bonita também... por isso peguei-a; peguei para ti, é tua!
A flor à minha frente estava morta ou a morrer, nada de cores vibrantes como laranja, amarelo ou vermelho, mas eu sabia que tinha que pegá-la, ou ele jamais sairia de lá.
Então estendi-me para pegá-la e respondi:
- O que eu precisava!
Mas, ao invés de colocá-la na minha mão, ele segurou-a no ar sem qualquer razão.
Nessa hora notei, pela primeira vez, que o rapaz era cego, que não podia ver o que tinha nas mãos.
Ouvi a minha voz sumir, as lágrimas despontarem ao sol enquanto lhe agradecia por ter escolhido a melhor flor daquele jardim.
- De nada. - ele sorriu.
E então voltou a brincar sem perceber o impacto que teve no meu dia.
Sentei-me e pus-me a pensar como ele conseguiu ver um homem auto-piedoso sob um velho carvalho.
Como ele sabia do meu sofimento auto-indulgente?
Talvez no seu coração ele tenha sido abençoado com a verdadeira visão.
Através dos olhos duma criança cega, finalmente entendi que o problema não era o Mundo, mas sim EU.
E por todos os momentos em que eu mesmo fui cego, agradeci por ver a beleza da vida e apreciei cada segundo que é só meu.
E então levei aquela feia flor ao meu nariz e senti a fragrância de uma bela rosa, e sorri quando via aquele rapaz com outra flor nas suas mãos, prestes a mudar a vida de um insuspeito senhor de idade.
Fonte: Templo dos Sonhos
Resolvi fazer este post em honra do nosso planeta que está a sofrer graves danos por causa da poluição. E porquê falar disso agora? Porque hoje é o Dia Mundial da Terra.
I
Que lugar senão este
alguém nos ofereceu
como uma prenda de anos?
Que lugar senão este
um dia nos deixaram
com terra, mar e céu?
Que lugar senão este
havemos de oferecer
a quem de nós rasgar
o espanto do futuro?
Que lugar senão este
- não me podem dizer?
Aqui a cotovia
nos canta seus segredos,
mas os bichos da terra,
de narizes no ar
e corações aflitos,
cirandavam entre medos!
II
Nos rios e ribeiros
é lenta a correria
das águas destroçadas.
Onde a pureza antiga
que as perdizes bebiam
em longas madrugadas?
Já nos lagos as nuvens
não se reflectem, não.
E pela mão dos barcos
navegam os silêncios
que um dia a porto firme
nem sequer chegarão.
III
O ar que respiramos
será falta de ar?
Quem nos espreita do alto,
pelo buraco feito
na camada de ozono?
É o perigo que espreita
um mundo ao abandono.
IV
Que mundo senão este
alguém nos ofereceu
como uma prenda de anos?
Que mundo senão este
um dia nos deixaram
com terra, mar e céu?
Que mundo senão este
deixaremos um dia
para oferecer a quem
depois de nós vier?
Que mundo senão este
- não me podem dizer?
Maria Alberta Menéres, in No Coração do Trevo - Poesia para Crianças. Editora Verbo. Edição:Outubro de 1992
Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
(Enlaçemos as mãos).
Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para o pé do Fado,
Mais longe que os deuses.
Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio.
Mais vale saber passar silenciosamente
E sem desassossegos grandes.
Sem amores, nem ódios, nem paixões que levantem a voz,
Nem invejas que dão movimento demais aos olhos,
Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria,
E sempre iria ter ao mar.
Amemo-nos tranquilamente, pensando que podíamos,
Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e carícias,
Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro
Ouvindo correr o rio e vendo-o.
Colhamos flores, pega tu nelas e deixa-as
No colo, e que o seu perfume suavize o momento -
Este momento em que sossegadamente não cremos em nada,
Pagãos inocentes da decadência.
Ao menos, se for sombra antes, lembrar-te-às de mim depois
Sem que a minha lembrança te arda ou te fira ou te mova,
Porque nunca enlaçamos as mãos, nem nos beijamos
Nem fomos mais do que crianças.
E se antes do que eu levares o óbolo ao barqueiro sombrio,
Eu nada terei que sofrer ao lembrar-me de ti.
Ser-me-ás suave à memória lembrando-te assim - à beira do rio,
Pagã triste e com flores no regaço.
Ricardo Reis (Fernando Pessoa), Odes
No paragem seguinte, entrava uma senhora idosa, que se sentava sempre junto à janela.
Abria a bolsa, tirava um pacotinho e passava a viagem toda a atirar alguma coisa pela janela.
A cena repetia-se sempre e, um dia, curioso, o homem perguntou-lhe o que atirava pela janela.
- Atiro sementes, respondeu ela.
- Sementes? Sementes de quê?
- De flores. É que olho para fora e a estrada é tão vazia. Gostaria de poder viajar a ver flores coloridas por todo o caminho. Imagine como seria bom!...
- Mas as sementes caem no asfalto, são esmagadas pelos pneus dos carros, devoradas pelos passarinhos...
A senhora acha mesmo, que estas sementes vão germinar, na beira da estrada?
- Acho, meu filho. Mesmo que muitas se percam, algumas acabam por cair na terra e com o tempo vão brotar.
- Mesmo assim... Demoram para crescer, precisam de água...
- Ah, eu faço a minha parte. Sempre há dias de chuva…. E se alguém atirar as sementes, as flores nascerão.
Ao dizer isto, virou-se para a janela aberta e recomeçou com o seu trabalho.
O homem desceu logo adiante, achando que a senhora já estava senil.
Passou algum tempo... até que um dia, no mesmo autocarro, o homem, ao olhar para fora viu muitas flores na beira da estrada...
Muitas flores... A paisagem colorida, perfumada e linda!
Lembrou-se então daquela senhora. Procurou-a em vão. Perguntou ao cobrador, que conhecia todos os passageiros daquele percurso.
- A velhinha das sementes? Pois é... Morreu há quase um mês.
O homem voltou para o seu lugar e continuou a olhar a paisagem florida pela janela.
"Quem diria, as flores brotaram mesmo", pensou…"Mas de que adiantou o trabalho dela?
Morreu e não pode ver esta beleza toda".
Naquele instante, ouviu risos de criança. No banco à frente, uma garotinha apontava pela janela, entusiasmada:
- Olha, que lindo! Tantas flores pela estrada fora... como se chamam aquelas flores?
Finalmente, entendeu o que aquela senhora tinha feito.
Mesmo sem estar ali para ver, fez a sua parte, deixou a sua marca, a beleza, para se vista e contribuir para a alegria das pessoas.
No dia seguinte, o homem entrou no autocarro, sentou-se junto à janela e tirou um pacotinho de sementes do seu bolso...
E assim, deu continuidade à vida, semeando o amor, a amizade, o entusiasmo e a alegria.
O futuro depende das nossas acções no presente.
"E se semeamos boas sementes, os frutos serão igualmente bons."
Casos de "bullying" continuado já levaram à morte de jovens em Portugal. Quem o afirma é Beatriz Pereira, professora e investigadora do Instituto de Estudos da Criança da Universidade do Minho, que adianta que um desses casos ocorreu ainda este ano, embora, tal como outros, não tenha sido assumido como tal, ou seja, um caso extremo de abuso sistemático de poder e de intimidação. Segundo aquela investigadora, os casos registados em Portugal são, no entanto, pontuais.
Basicamente, o "bullying", expressão inglesa com difícil tradução para português, consiste, segundo Alexandre Ventura, do departamento de Ciências da Educação da Universidade de Aveiro, "na violência física e/ou psicológica consciente e intencional exercida por um indivíduo ou um grupo sobre outro indivíduo, ou grupo, incapaz de se defender e que, em consequência de tal agressão, fica intimidado, podendo ver afectadas as respectivas segurança, auto-estima e personalidade".
Gozar, chamar nomes, ameaçar, empurrar, humilhar, excluir de brincadeiras e jogos são actos de todos os dias, que acontecem "desde sempre, desde que há crianças". E a isto se chama "bullying". Algo que muitas vezes é considerado pelos adultos como "saudável" e "uma boa forma de aprender a viver e a defender-se" e que pode deixar marcas para toda a vida.
Segundo Alexandre Ventura, o "bullying" pode marcar a personalidade de uma pessoa para sempre ao torná-la débil na capacidade de comunicação, ao torná-la incapaz de se afirmar em termos sociais, profissionais e amorosos.
As vítimas de "bullying" tornam-se muitas vezes pessoas tão frágeis que chegam mesmo a tentar o suicídio.
E o pior é que, ainda segundo aquele pedagogo, quando as vítimas procuram denunciar as situações em que vivem, "são mal recebidas, acabando por ser também vítimas de incompreensão".
Num seminário dedicado ao tema "Bullying - intimidação nas escolas", realizado pelo Centro Social de Paramos, no âmbito do projecto "Aprender em movimento", na Escola Secundária Dr. Manuel Laranjeira, em Espinho, Alexandre Ventura e Beatriz Pereira alertaram para a necessidade cada vez mais premente de despertar as consciências de todos para o fenómeno e as suas consequências.
Beatriz Pereira salientou a importância de existir nas escolas um espaço, um gabinete, aonde os jovens, vítimas ou simples testemunhas, possam ir denunciar aquilo que viveram ou viram acontecer. "Normalmente, as vítimas sofrem em silêncio. Sentem-se ridículas e até culpadas pelo facto de serem vítimas. Os órgãos de gestão, os professores, os auxiliares de acção educativa e os pais têm de assumir as suas responsabilidades, deixarem de aceitar como normal o que é aberrante e injustificado e agir", concluiu Alexandre Ventura.
Os predicados de uma potencial vítima
Ser recém-chegado a uma escola e ter ali poucos amigos íntimos é uma das características de muitas das vítimas. Ser tímido, viver num meio familiar superprotector, pertencer a um grupo racial ou étnico diferente da maioria, possuir uma diferença óbvia (como ser muito gordo ou muito magro, coxear, gaguejar), ter necessidades educativas especiais ou deficiência ou pelo simples facto de comportar-se de forma considerada imprópria, ser maçador ou intrometido são factores que fazem de um jovem uma potencial vítima.
Efeitos ou indícios de possível "bullying"
Os efeitos do "bullying" são vários. Baixa auto-estima, medo, pesadelos, rejeição da escola, insegurança, ansiedade, dificuldade de relacionamento interpessoal, dificuldade de concentração, diminuição do rendimento escolar, dores de cabeça ou de estômago, mudanças repentinas de humor, vómitos, urinar na cama, falta de apetite, choro, insónia, aumento de pedido de dinheiro e até roubos em casa e surgimento de objectos estragados ou desaparecidos sem que seja dada uma explicação para tal.
Num estudo recente, a Margarida Gaspar de Matos e colaboradores apuraram que 57.5% dos alunos entre os 11 e os 16 anos estão envolvidos em comportamentos provocatórios.
A vítima de bullying deve ser apoiada por um psicólogo porque apresentará, com toda a certeza, um sofrimento psíquico importante. O agressor também deve ser acompanhado porque o exercício persistente e continuado de bullying é revelador de um enorme mal-estar interno. O autor de bullying vê a violência como uma forma de alcançar poder.
O registo de Casos de Bullying é muito elevado. Em Portugal ainda não se presta, infelizmente, muita atenção a este fenómeno.
Os técnicos que se relacionam de perto com as crianças e os jovens, nomeadamente os professores têm que estar mais atentos a esta realidade e devem perceber o impacto devastador que o bullying pode gerar, comprometendo o salutar desenvolvimento da criança como pessoa segura e auto-confiante. A auto-estima é a primeira a sofrer danos e, por vezes, em situações muito graves, danos irremediáveis. Os pais e os familiares de uma maneira geral, também devem estar muito atentos a esta realidade, principalmente quando se sabe que a criança tem uma característica qualquer que a torna vítima fácil, nomeadamente, se sofre de obesidade ou se tem uma qualquer dificuldade de expressão, é, por exemplo, gago, tem tiques, é demasiado calado ou demasiado falador, etc., isto é, se de alguma forma a criança foge aos padrões normativos.
Sabe-se que muitos dos comportamentos de risco dos adolescentes - absentismo escolar, uso de álcool e drogas, actos suicidários e comportamentos delinquente -, estão relacionados, directa ou indirectamente, com o facto de serem ou terem sido sujeitos a violência e/ou bullying. O bullying implica maus-tratos continuados e repetidos e não deve ser confundido com a agressividade normal na infância e na adolescência e, obviamente implícita nas diferentes brincadeiras.
Tente perceber se o seu filho é vítima de Bullying
Previna os danos do Bullying
Identifique os comportamentos de Bullying
Eu sei o que é ser vítima de Bullying, pois já sofri muito com isso. Perdia o apetite, entrei em depressão, tinha dores abdominais, não tinha vontade de ir para a escola, perdi a auto-estima, a pouca que tinha, virei anti-social, tenho problemas de ansiedade, variações de humor, tristeza, tendências suicidas. Tudo isto devido ao Bullying, que acarreta problemas irreversíveis para as vítimas para o resto das suas vidas. Eu não sou excepção.
Eis agora aqui um vídeo de jovens que se suicidaram devido ao Bullying, que poderiam ser evitadas se alguém que conhecesse a situação tivesse divulgado. Por isso, se souberem de casos de bullying, por favor digam a alguém e ponham-se sempre no lado da vítima e ajudem-na, pois nunca se sabe ela no dia seguinte não estará mais entre nós, é uma questão de vida ou de morte.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.
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