Já estou farta do caso Freeport! Segundo agora dizem o nosso primeiro-ministo, José Sócrates, recebeu 500.000 euros para deixar que se construísse o maior outlet da Europa numa zona protegida. Inclusive, a TVI afirma ter na sua posse um DVD que compromete o ex-ministro do Ambiente, actualmente primeiro-ministro de Portugal.
Nesse DVD, Charles Smith admite numa conversa que Sócrates é corrupto. Ora,
num comunicado divulgado sexta-feira à noite, o primeiro-ministro considerou essas afirmações falsas, inventadas e injuriosas. José Sócrates reiterou não conhecer Charles Smith "nem nenhum dos promotores do empreendimento Freeport".
José Sócrates então, processou a TVI por difamação.
Mas afinal o que é que se passa? Uns dizem que José Sócrates recebeu dinheiro de Charles Smith, outros (inclusive o próprio Smith e Sócrates) dizem que não e que nem sequer se conhecem.
Em que é que ficamos?! Estou farta desse jogo do gato e do rato, que mais parece uma caça às bruxas, arranjando sempre outros culpados, digamos que, menos afortunados. Pois, isso do primeiro-ministro ser corrupto a.k.a criminoso não é lá muito bonito e arrisca-se mesmo a ir para a cadeia.
Se a TVI foi processada por difamação, estando (quase de certeza) a dizer a verdade nua e crua, pergunto-me: "Onde está a liberdade de expressão"?
Será que o nosso governo do PS é um regime de extrema direita, mas com um nome de um partido de esquerda?
Até Manuel Alegre (um dos fundadores do PS) criticou o actual governo!
Será que isso acontece porque José Sócrates vivenciou os tempos de Salazar? Eu sempre soube que incutir os valores salazaristas aos jovens nas escolas era uma péssima ideia!
E vocês, o que acham disto tudo?
Fiquem agora com este lindo poema de António Botto. Faz hoje 50 anos que este poeta morreu e como não podia deixar de ser, faço-lhe aqui uma pequena homenagem: Andava a lua nos céus Com o seu bando de estrelas Na minha alcova Ardiam velas Em candelabros de bronze Pelo chão em desalinho Os veludos pareciam Ondas de sangue e ondas de vinho Ele, olhava-me cismando; E eu, Plácidamente, fumava, Vendo a lua branca e nua Que pelos céus caminhava. Aproximou-se; e em delírio Procurou avidamente E avidamente beijou A minha boca de cravo Que a beijar se recusou. Arrastou-me para ele, E encostado ao meu hombro Falou-me de um pagem loiro Que morrera de saudade À beira-mar, a cantar... Olhei o céu! Agora, a lua, fugia, Entre nuvens que tornavam A linda noite sombria. Deram-se as bocas num beijo, Um beijo nervoso e lento... O homem cede ao desejo Como a nuvem cede ao vento Vinha longe a madrugada. Por fim, Largando esse corpo Que adormecera cansado E que eu beijara, loucamente, Sem sentir, Bebia vinho, perdidamente Bebia vinha..., até cair. António Botto Aves de Um Parque Real As Canções de António Botto Editorial Presença 1999
Uma Rapariga perguntou a um Rapaz se ele a achava bonita.
Ele disse: "Não".
Ela perguntou-lhe se ele queria ficar com ela para a eternidade e ele disse:
" Não".
Então ela perguntou-lhe se acaso ela se fosse embora, se ele iria
chorar.
E mais uma vez ele lhe respondeu com um não.
Ela já tinha ouvido demais. Assim, quando estava a ir embora,
lágrimas caíam da sua face.
O rapaz agarrou seu braço e disse:
- Tu não és bonita: és linda!
- Eu não quero ficar contigo para sempre. Eu PRECISO ficar contigo para sempre.
- Eu não iria chorar se tu fosses embora...eu iria morrer!
Ser mulher, desejar outra alma pura e alada
para poder, com ela, o infinito transpor,
sentir a vida triste, insípida, isolada,
buscar um companheiro e encontrar um Senhor...
Ser mulher, vir à luz trazendo a alma talhada
para os gozos da vida, a liberdade e o amor,
tentar da glória a etérea e altívola escalada,
na eterna aspiração de um sonho superior...
Ser mulher, calcular todo o infinito curto
para a larga expansão do desejado surto,
no ascenso espiritual aos perfeitos ideais...
Ser mulher, e oh! atroz, tantálica tristeza!
ficar na vida qual uma águia inerte, presa
nos pesados grilhões dos preceitos sociais!
Poema de Gilka Machado
Resolvi colocar a letra desta linda música de Tom Jobim, um marco da música popular brasileira, por estar a começar o mês de Março com chuva!
É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, um pouco sozinho
É um caco de vidro, é a vida, é o sol
É a noite, é a morte, é um laço, é o anzol
É peroba do campo, é o nó da madeira
Caingá, candeia, é o MatitaPereira
É madeira de vento, tombo da ribanceira
É o mistério profundo, é o queira ou não queira
É o vento ventando, é o fim da ladeira
É a viga, é o vão, festa da cumeeira
É a chuva chovendo, é conversa ribeira
Das águas de março, é o fim da canseira
É o pé, é o chão, é a marcha estradeira
Passarinho na mão, pedra de atiradeira
É uma ave no céu, é uma ave no chão
É um regato, é uma fonte, é um pedaço de pão
É o fundo do poço, é o fim do caminho
No rosto o desgosto, é um pouco sozinho
É um estrepe, é um prego, é uma ponta, é um ponto
É um pingo pingando, é uma conta, é um conto
É um peixe, é um gesto, é uma prata brilhando
É a luz da manhã, é o tijolo chegando
É a lenha, é o dia, é o fim da picada
É a garrafa de cana, o estilhaço na estrada
É o projeto da casa, é o corpo na cama
É o carro enguiçado, é a lama, é a lama
É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã
É um resto de mato, na luz da manhã
São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração
É uma cobra, é um pau, é João, é José
É um espinho na mão, é um corte no pé
São as águas de março fechando o verão,
É a promessa de vida no teu coração
É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã
É um belo horizonte, é uma febre terçã
São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração
au, edra, im, inho
esto, oco, ouco, inho
aco, idro, ida, ol, oite, orte, aço, zol
São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração.
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