Das feições de alma que caracterizam o povo português, a mais irritante é, sem dúvida, o seu excesso de disciplina. Somos o povo disciplinado por excelência. Levamos a disciplina social àquele ponto de excesso em que cousa nenhuma, por boa que seja - e eu não creio que a disciplina seja boa - por força há-de ser prejudicial.
Tão regrada, regular e organizada é a vida social portuguesa que mais parece que somos um exército do que uma nação de gente com existências individuais. Nunca o português tem uma acção sua, quebrando com o meio, virando as costas aos vizinhos. Age sempre em grupo, sente sempre em grupo, pensa sempre em grupo. Está sempre à espera dos outros para tudo. E quando, por um milagre de desnacionalização temporária, pratica a traição à Pátria de ter um gesto, um pensamento, ou um sentimento independente, a sua audácia nunca é completa, porque não tira os olhos dos outros, nem a sua atenção da sua crítica.
Parecemo-nos muito com os Alemães. Como eles, agimos sempre em grupo, e cada um do grupo porque os outros agem.
Por isso aqui, como na Alemanha, nunca é possível determinar responsabilidades; elas sãos sempre da sexta pessoa num caso onde só agiram cinco. Como os Alemães, nós esperamos sempre pela voz do comando. Como eles, sofremos da doença Autoridade - acatar criaturas que ninguém sabe porque são acatadas, citar nomes que nenhuma valorização objectiva autentica como citáveis, seguir chefes que nenhum gesto de competência nomeou para as responsabilidades da acção. Como os Alemães, nós compensamos a nossa rígida disciplina fundamental por uma disciplina superficial, de crianças que brincam à vida. Refilamos só de palavras. Dizemos mal só às escondidas. E somos invejosos, grosseiros e bárbaros, de nosso verdadeiro feitio, porque tais são as qualidades de toda a criatura que a disciplina moeu, em que a individualidade se atrofiou.
Diferimos dos Alemães, é certo, em certos pontos evidentes das realizações da vida. Mas a diferença é apenas aparente. Eles elevaram a disciplina social, temperamento neles como em nós, a um sistema de estado e de governo; ao passo que nós, mais rigidamente disciplinados e coerentes, nunca infligimos a nossa rude disciplina social, especializando-a para um estado ou uma administração. Deixamo-la coerentemente entregue ao próprio vulto íntegro da sociedade. Daí a nossa decadência!
Somos incapazes de revolta e de agitação. Quando fizemos uma "revolução" foi para implantar uma cousa igual ao que já estava. Manchámos essa revolução com a brandura com que tratávamos os vencidos. E não resultou uma guerra civil, que nos despertasse; não nos resultou uma anarquia, uma perturbação das consciências. Ficámos miserandamente (sic) os mesmos disciplinados que éramos. Foi um gesto infantil, de superfície e fingimento.
Portugal precisa dum indisciplinador. Todos os indisciplinadores que temos tido, ou que temos querido ter, nos têm falhado. Como não acontecer assim, se é da nossa raça que eles saem? As poucas figuras que de vez em quando têm surgido na nossa vida política com aproveitáveis qualidades de perturbadores fracassados logo traem a sua missão. Qual é a primeira cousa que fazem? Organizam um partido... Caem na disciplina por uma fatalidade ancestral.
Trabalhemos ao menos - nós, os novos - por perturbar as almas, por desorientar os espíritos. Cultivemos, em nós próprios, a desintegração mental como uma flor de preço. Construamos uma anarquia portuguesa. Escrupulizemos no doentio e no dissolvente. E a nossa missão, a par de ser a mais civilizada e a mais moderna, era também a mais moral e a mais patriótica.
Autoria de Fernando Pessoa
Texto publicado in O Jornal, nº 6, de 8-4-1915, na coluna "Crónica da vida que passa".
FRASE 1:
Lisboa (L): Não tenho a certeza se vai ser possível fazer isso!
Porto (P): NÃO FAÇO ISSO NEM QUE TU TE FODAS!
FRASE 2:
L: A sério? É incvel! Diria mesmo impressionante!
P: PUTA QUE O PARIU! AI, PUTA QUE O PARIU!
FRASE 3:
L: Claro que isso não me preocupa!
P: TOU A CAGAR E A ANDAR!
FRASE 4:
L: Eu não estava envolvido nesse projecto!
P: MAS QUE CARALHO É QUE EU TENHO A VER COM ESSA MERDA?
FRASE 5:
L: Interessante, hein?
P: FOODAAAA-SE!!! ESPECTÁCULO!!
FRASE 6:
L: Será difícil concretizar esta tarefa no tempo estipulado!
P: NÃO VAI DAR PRA FAZER ISSO NEM QUE ME FODA TODO!
FRASE 7:
L: Precisamos melhorar a comunicação interna desta empresa!
P: PUTA DE MERDA! NÃO HÁ NENHUM CARALHO QUE ME RESPONDA???
FRASE 8:
L: Desejava que eu ficasse até um pouco mais tarde?!
P: E NO CU? NÃO QUERES LEVAR NO CU TAMBÉM???
FRASE 9:
L: Parece-me que o senhor não está familiarizado com o problema!
P: CALA-TE, CARALHO!
FRASE 10:
L: Então, Desculpe!
P: VAI PÁ PUTA QUE TE PARIU!
FRASE 11:
L: Então, Desculpe, senhor!
P: VAI PÁ PUTA QUE TE PARIU, SEU PANELEIRO!
FRASE 12:
L: Acho que não posso ajudar!
P: FODE-TE PRAÍ SOZINHO!
FRASE 13:
L: Adoro estes desafios!
P: PUTA DE TRABALHINHO DE CORNO!
FRASE 14:
L: Finalmente reconheceram a tua competência!
P: FOSTE AO CU A QUEM?
FRASE 15:
L: Atenção que é necessário formação para o pessoal, antes de ligarem a máquina!
P: ATENÇÃO QUE QUEM MEXER NESTA MERDA LEVA NOS CORNOS!
FRASE 16:
L: Eles não ficaram satisfeitos com o resultado do trabalho!
P: ELES SÃO É UM BANDO DE FILHOS DA PUTA!
FRASE 17:
L: Por favor, refaça esse trabalho!
P: ENFIA ISSO NO CU, ESTÁ UMA BELA MERDA!
FRASE 18:
L: Este problema serviu para ver que precisamos reforçar o nosso programa de formação!
P: SE SEI QUEM FOI O FILHO DA PUTA QUE FEZ ISTO!...
FRASE 19:
L: Que pena. Assim teremos outra vez uma não conformidade!
P: CARALHO! VAI SAIR CAGADA OUTRA VEZ!
FRASE 20:
L: Temos que negociar o projecto com mais determinação!
P: VOU ENFIAR ISTO PELA GOELA ABAIXO DESSES FILHOS DA PUTA!
FRASE 21:
L: Desculpe, eu poderia ter avisado, já era previsível!
P: EU JÁ SABIA QUE ISTO IA DAR MERDA!
FRASE 22:
L: Os índices de produtividade da empresa estão a apresentar uma queda sensível!
P: ESTA MERDA TÁ A IR PRÓ CARALHO!
FRASE 23:
L: Parece, então, que este projecto não vai gerar o retorno previsto!
P: AGORA FODEU-SE! PRONTO, TÁ TUDO FODIDO!
Queria agradecer à Clara do blog Jane Austen Portugal por me ter dado este prémio, pois não sou de receber muitos! lol
Um Prolific Blogger é um blogue intelectualmente produtivo ... manter um blogue activo repleto de conteúdos agradáveis.
1. Passar este prémio a pelo menos sete blogues
2. Destacar o blogue que lhe atribuiu o prémio
3. Linkar a este post, que explica as origens e motivações do prémio
4. Visitar o post anterior e adicionar o seu nome no Mr. Linky para que todos possamos conhecer os vencedores deste prémio (Click here for the Mr. Linky page.)
Eu passo aos seguintes Blogues:
Básico...
Nome: Ana
Idade: 18
Aniversário: 20 de Abril
Ano de Escolaridade: 1º ano de faculdade
Onde vive: em casa
Irmãos: nop
Animais: duas cadelas
Fumas?: não
Bebes?: Obviamente! Aguita e sumitos! Querias que morresse de sede era?
Aparência...
Cor de cabelo: castanho escuro
Cor dos olhos: castanhos-escuro
Estilo: o meu
Usas óculos?: sim
Sardas: nop
Nº de Calçado: 36
Piercings: nop
Tatuagens: nadinha
Aparelho nos dentes?: nao, mas precisava...
Favorito...
Cor: rosa, preto, cinzento, verde
Número: 17
Animal: cão
Flor: orquídea, cássia
Comida: Pizza
Sabor de gelado: morango
Doce: chocolate
Bebida alcoolica: nenhuma
Tipo de música: soul, blues, heavy metal, folk
Livro: Quem Quer ser bilionário, Harry Potter, Anjos e Demónios
Dia da semana: Sábado
Desporto: nenhum, mas gostaria de fazer aeróbica
Vida Amorosa...
És solteiro?: A 100%
Estão juntos à quanto tempo?: Qual foi a parte de que sou solteira é que ainda não percebeste?
Gostas de alguém?: Não, felizmente!
1º amor: Aos 11 anos
Já traíste?: Nunca
Ja foste traída?: Dah -- Se nunca namorei...
Ja foste usada? Hello???
Já usaste alguém?: Nunca
Mentiste ao namorada/a?: NÃO NAMORO!!!
Já te deram flores?: O meu pai! Isso conta?
Já te fizeram um poema?: Yah, mas foi na brinca, ok!
A coisa mais doce que já te deram: Nada
Acreditas no amor à 1º vista?: Não, acredito, sim, na atracção físicca
Apaixonas-te facilmente?: Nop
Já tiveste algo com alguém do mesmo sexo?: Népia, nem com o mesmo, nem com o oposto
Já choraste por alguém do outro sexo?: Sim
Dás o 1º passo?: Nao
Queres casar?: Não sei, sou muito nova para pensar nisso. Ainda por cima , não namoro!
Outro...
Sabes conduzir?: Estou a aprender
Tens carro?: sim, os dos meus pais
Tens telemóvel?: sim
Estás muitas vezes online?: quase sempre
Gostas de pessoas gay/bi?: Não é a orientação sexual das pessoas que me faz gostar/não gostar das pessoas. Mas sim, não sou homofóbica, muito pelo contrário!
Falas outra língua?: Ingles, Francês, Espanhol (mal)
Tens boas notas na escola?: Sim
Fazes colecção de algo?: nao, mas já fiz
Gostas de ti?: Nem por isso
Falas sozinha?: Muitas vezes...
Arrependes-te de algo?: De muita coisa
Acreditas em magia?: nao
Confias nas pessoas facilmente?: não
Perdoas facilmente?: Depende
Dás-te bem com os teus pais?: Tem dias
Desejo antes de morrer?: Continuar viva xD
Maior medo?: Perder a minha familia,morrer, sofrer
Maior defeito?: timidez, falta de desenrascanso
Tocas algum instrumento?: Não, mas aprendi a tocar piano
Que queres ser quando cresceres?: Não vou crescer mais, mas gostaria de ser maiorzita! Não é que eu tenha complexos de pessoas baixas, mas poupava-se no arranjo das bainhas das calças... xDDD
Alguma vez...
te sentaste no telhado?: nao me lembro, mas acho que não teria coragem para isso.
dançaste em público?: Siiim
sorriste sem razao?: Yap
riste-te tanto que choraste?: Sim
escreveste uma canção?: sim
cantaste para alguém?: Já
andaste de skate?: Não
tiveste uma experiencia em que quase morreste?: Sim
Cantaste para uma audiência?: Para a família e no casamento de uma prima
És...
lutador/a: Não, mas gostaria
fumadora: nao
bêbado: Are you kidding me???
amante: da vida e dos sonhos
parte-coraçoes: nop
mandona: Um bocado, mas só com os meus pais.. eheh
amigável: Tem dias
sonhador/a: sim... (suspiro...)
tímido/a: Muito
energético/a: Depende
feliz: Depende dos dias
depressivo/a: bastantes vezes...
engraçado/a: acho que um bocadinho (mas muito pequenino!)
chato/a: Tem dias
mau/má: Para quem merece
bom/boa: para quem merece
confiável: sempre
esperto/a: acho que sim
sarcástico/a: não
dependente: dos meus pais (casa, dinheiro...)
quieto/a: Depende
estranho/a: um pouco
religioso/a: não
modesto/a: sim
indeciso/a: muito
educado/a: Tem dias...
criativo/a: tem dias
preguiçoso/a: Muitoooo
Mais...
Como te sentes?: Com dores de cabeça e tonturas
O que te faz feliz?: Sonhar, ter a minha familia comigo, viver, ouvir música
Diz algo que faças muito: Ouvir música
Estás confortável com o teu peso?: Não
Acaba a frase...
Gostava de ser... imortal e ter boa saúde
Gostava de... ser feliz
Eu desejo... ser feliz, ser desenrascada e extrovertida, ter saúde e viver muitos, muitos anos
Muitas pessoas não sabem... não sou de contar segredos da minha pessoa
Eu sou... sonhadora
O meu coração é... um orgão do corpo humano que me mantem viva --'
[Adorei as perguntas e copiei de um blog!, mas com os meus dados!]
A saída do armário dos filhos é recebida com choque, apreensão e, muitas vezes, com revolta por parte dos pais. O terapeuta familiar Pedro Frazão, 33 anos, é autor de um estudo sobre este tema. Saiba quais são as principais recomendações deste especialista
Manual: quando o seu filho lhe diz que é gay
O QUE NÃO DEVE FAZER:
*Transmitir ao adolescente/jovem adulto de que se trata apenas de uma fase e que com o tempo vai voltar a ser heterossexual, desvalorizando todo o trabalho de preparação que o jovem fez para partilhar com os pais o que sentia
*Criar um pacto de silêncio sobre as questões relacionadas com os afectos e sexualidade dos jovens
*Criar um clima de confrontação e hostilidade que faça o adolescente/jovem adulto sentir-se ainda mais isolado do que já se sentia antes do coming out ("sair do armário")
*Fazer ameaças de que ou o adolescente muda a sua orientação sexual ou é afastado da família ou expulso de casa
*Proibir o adolescente ou jovem adulto de se encontrar com os seus amigos ou namorados(as) que muitas vezes são apontados pelos pais mais intolerantes como responsáveis pela situação
*Fazer formulações culpabilizantes de que os filhos são gays ou lésbicas porque os pais falharam ou porque a orientação sexual dos filhos resulta de experiências infantis (ex: a mãe estava demasiado próxima e o pai era distante)
*Fazer comentários homofóbicos e que ridicularizam pessoas gays ou lésbicas
*Procurar psiquiatras e psicólogos com o objectivo de mudar a orientação sexual dos filhos
O QUE DEVE FAZER:
*Criar um contexto seguro para que o adolescente ou o jovem adulto fale abertamente sobre os seus sentimentos
*Assumir que, à semelhança do que foi vivido pelos filhos, os pais também necessitam de tempo para se adaptar à nova realidade
*Procurar informação especializada sobre questões relacionadas com a orientação sexual
*Se necessário, procurar um profissional de saúde mental especializado em questões de sexualidade
*Conhecer gays e lésbicas que lhe possam assegurar que uma orientação sexual minoritária não é um problema e que lhe mostrem que essas pessoas podem ter vidas completas como homens e mulheres a todos os níveis
*Procurar outros pais que têm filhos gays e lésbicas e que viveram situações semelhantes.
Resolvi colocar este post que vi na Visão Online, porque não só por ter gostado dele por ser verdadeiros e fácil de entender, mas também, porque este tipo de questões necessitam de ser informadas. Ainda para mais, com a ideia do PS de em Portugal poder vir realizar-se casamentos entre pessoas do mesmo sexo.
A doença de Alzheimer é uma doença do cérebro (morte das células cerebrais e consequente atrofia do cérebro), progressiva, irreversível e com causas e tratamento ainda desconhecidos. Começa por atingir a memória e, progressivamente, as outras funções mentais, acabando por determinar a completa ausência de autonomia dos doentes.
Os doentes de Alzheimer tornam-se incapazes de realizar a mais pequena tarefa, deixam de reconhecer os rostos familiares, ficam incontinentes e acabam, quase sempre, acamados.
É uma doença muito relacionada com a idade, afectando as pessoas com mais de 50 anos. A estimativa de vida para os pacientes situa-se entre os 2 e os 15 anos.
Fonte: Ministério da Saúde
A doença de Alzheimer é das piores doenças que há! Infelizmente conheço-a bem de perto e lidei com ela porque a minha avó materna tinha esta doença.
Ela sabia quem nós éramos, mas muitas vezes esquecia-se dos nomes. Do meu nunca se lembrava, apesar de ser o mesmo que o dela...
Era incontinente, não podia ir sozinha à casa de banho, pois às vezes não fazia as necessidades na sanita. Se a tampa estivesse fechada, não tinha capacidades para a abrir e fazia em cima dela e sujava a casa de banho toda!
Recordava-se de coisas bem antigas e pensava que eram actuais...
Essas coisas são assustadoras, principalmente quando dão a uma pessoa inteligente e activa! Eu não sei como era a minha avó antes da doença pois quando eu nasci ela já a tinha... Mas pelo que me contaram era uma mulher muito activa e trabalhadora.
Acabou por falecer há uns anos, não devido ao Alzheimer, mas sim, a um acidente vascular cerebral.
Devemos então estar sempre atentos aos sintomas desta doença. Começa sempre pelo esquecimento das coisas, das ruas, das pessoas, do seu nome...
É uma doença muito desgastante para as pessoas que cuidam dos doentes. É um desgaste principalmente psicológico, mas que por amor aos entes queridos têm que se aguentar...
Finalizo este "post" com um vídeo que mostra bem como as pessoas com Alzheimer se sentem!
Com diferentes abordagens, esta história conduz o leitor a uma conclusão inevitável: a própria vida significa mudança, aprendizagem e evolução. A estagnação só pode ser prejudicial e é a própria natureza (do mundo e dos mercados...) que afasta aqueles que se recusam a evoluir.
Esta história é "normalmente" utilizada por "alguns" Formadores de Formação Profissional de Adultos para ilustrar a necessidade de as pessoas mudarem, sob pena de ficarem para trás, no mundo competitivo que é o mercado de trabalho!
«Havia uma estranha perturbação na zona dos grandes pântanos. Todos os animais aquáticos tinham sido convocados para uma Assembleia pela Tartaruga. Apesar do nível das águas ser abundante, tinha descido nos últimos anos e isso inquietara o velho réptil.
Por isso, mandou chamar a comunidade de animais da vizinhança para transmitir as suas conclusões: - Amigos, imagino que já repararam que cada vez há menos água. Sei que ainda não parece nada sério, mas já assisti a este mesmo processo noutras zonas da terra e aviso-vos que se aproximam tempos de grande seca.
Perante estas palavras, gerou-se um grande rebuliço. Todos se tinham apercebido de um suave e contínuo abaixamento do caudal dos pântanos, mas nada levava a crer que poderia ser grave. - Porque nos terá convocado, se há água de sobra? – perguntaram uns aos outros.
A centenária Tartaruga deu respostas à inquietação despertada: - Convoquei-vos porque felizmente ainda temos tempo e poderemos ultrapassar isto sem problemas, se começarmos a actuar desde já. Para que as nossas espécies sobrevivam temos de Evoluir.
Ficaram todos estupefactos. Nunca se tinham deparado com tal questão e, depois do choque inicial, começaram a interrogar-se sobre como o fariam.
Continuou a Tartaruga: - Todos os dias, ficaremos uns minutos fora de água; aquele que não conseguir fazê-lo começa por uns segundos e, pouco a pouco, vai ficando cada vez mais tempo. Devemos fazê-lo constantemente e ensiná-lo às gerações vindouras, para que cada espécie evolua com o tempo, de modo a tornar possível a todos nós mantermo-nos num ambiente sem pântano. Devemos também mudar os nossos hábitos alimentares, e em cada dia ir comendo algo que não esteja na água, até que acostumemos o nosso corpo a digerir plantas do exterior.
Não sem algumas reticências, todos iniciaram o grande e meticuloso plano de acção. Dentro de uma dezena de gerações todos poderiam respirar fora de água, alimentar-se com comida que crescesse na terra e até poderiam respirar fora de água.
Todos menos o Barbinho, um dos peixes mais antigos dos pântanos, que se negou a participar neste processo. Convencido de que a Tartaruga exagerava, não fez caso, e logo aproveitou o entorpecimento dos seus vizinhos para obter mais comida. As outras espécies, à medida que evoluíam, tornavam-se menos competitivas dentro de água.
O Barbinho via o nível de água descer, mas mantinha a visão de que algumas chuvas chegariam a tempo de resolver o problema. Com o passar do tempo, só uns poucos charcos com apenas um dedo de profundidade faziam lembrar que naquelas paragens existiram uma vez pântanos.
O Barbinho agonizava, e esse verão, o mais duro de que havia memória, acabaria de certeza com a água que ainda restava. Magro, sem poder mexer, chorava a sua má sorte.
Justamente nessa altura, passou ao seu lado a Tartaruga que lhe disse: - Tiveste a mesma oportunidade que os outros. Neste mundo de mudanças constantes, evoluir não é uma opção, é uma obrigação para sobreviver.
O Barbinho, ainda sem compreender, gritava: - Que má sorte tive, tudo correu contra mim e, para cúmulo, este verão foi terrível, que fatalidade. Dizes isso, porque és uma tartaruga e podes andar por onde quiseres, mas não fazes ideia do que é isto.
A Velha Tartaruga sorriu e antes de abandonar o Barbinho comentou: - Meu infeliz amigo, há muito, muito tempo, eu era um peixe estúpido como tu, e também chegou para mim a oportunidade de evoluir. Apesar de ter dedicado atenção a essa oportunidade, não a levei a sério, e é por isso que sou tão desajeitada na terra, temo que nunca chegarei a voar e apenas me movo com desembaraço debaixo de água. Durante anos, atribuí a culpa à má sorte, mas agora aprendi que sou eu a única responsável, pois, quando a realidade me enviava os seus sinais, eu empenhei-me em não fazer caso, em não mudar nada em mim, e quase ficava fora deste novo mundo. Eu ando, por isso decidi que devo ser mais rápida. Assim, hei-de correr um pouco mais cada dia para poder evoluir para algo superior, pois parece que virão tempos de escassez e quero continuar a ser competitiva nessa altura.
O Barbinho morreu na lama, no lamaçal dos imobilistas, dos que não querem mudar, no lado dos medíocres que, embriagados pela abundância de hoje, não sabem ver a necessidade da mudança, da evolução, para continuarem a existir amanhã.»
Semelhantes ao peixe, "existem" em Portugal muitos trabalhadores (chefes e colaboradores) que, apesar de verem as novas exigências e tendências que será necessário enfrentar no futuro imediato, não assumem a evolução como necessidade profissional iminente.
São os que esperam, passivamente, que no final, numa chuva milagrosa acabe por voltar a pôr as coisas como antes, sem entenderem que, no meio competitivo actual, nada é como dantes, pois as empresas estão em contínuo progresso e os que não são capazes de evoluir com elas, por mais fortes ou competentes que sejam hoje, passarão a engrossar a lista dos extintos ao ficarem desfasados do seu próprio mundo.
Infelizmente, este é um "problema" que afecta grande parte do Povo Português...
Texto retirado de«Fábulas, histórias e conselhos para o gestor moderno» de Francisco Muro da Colecção «Vectores de Liderança».
Fonte: Aeiou
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